A Balzzaca

Tuesday, January 30, 2007

Bota primeira, minha filha!

Hoje cedo, peguei o carro e me preparei pra batalha mortal que eh chegar ao trabalho todo dia. Transito de SP, inicio das aulas com chuva.
Me deparei com uma situacao inusitada: numa encruzilhada sem farol, que passa quem for mais macho, eis uma tiazinha na minha frente. Ou ela vai, ou o resto da fila passa por cima. Eu era o segundo carro, já em posição de buzinar até deixa-la surda quando…percebi que o carro era de auto-escola, ela estava em desespero olhando para todos os lados, que o instrutor nao parava de falar e… que talvez eu poderia perder alguns minutos da minha vida.
Nosso olhar se cruzou pelo espelho e ao inves de xingá-la, me peguei sorrindo e piscando longamente, como quem diz: "Vai, pode ir. Eu espero." Ela sorriu de volta, mais confiante, botou primeira e foi… Beeeeeem devagarzinho. E eu quase chorei. Bosta de hormonios… mas enfim, que direito tinha eu de destruir a auto-confianca dela? Mas também que diabos ela foi aprender a dirigir 8 da matina num lugar BEM movimentado? Não importa.
Normalmente, sou como a policia, atiro/buzino primeiro e pergunto depois. De alguma forma, fiquei feliz de estar tão no mundo da lua e pouco na terra, no transito, ensandecida - como de costume.
* Meu estômago & células agradecem o descanso, a falta de adrenalina costumeira.

Monday, January 29, 2007

A filha da chiquita Bacana!

Empregada faltou. A casa acumulou bagunça de 2 semanas. Aguentamos o quanto pudemos. Domingo, surto coletivo. Empilhei a louça, separei os talheres, recolhi os sapatos jogados, lavei roupa, pendurei no varal, enchi a maquina de secar e joguei o lixo…Go passou um pano pela casa e fez o almoço; ele é uma graça. Resolvi jogar os pacotes de sopa de 2004, groselha light com 2 dedos para acabar, resto de panetone semi-empalhado, etc. Depois disso tudo, percebi como estava sujo dentro dos armários.

Meu deus, será que todo mês eu vou ter que fazer essa vistoria? O fato de pagar alguém para limpar já nao implica em limpeza? Será que a porra da tabela com coisas pra fazer, na geladeira, é enfeite? Será que terei de, finalmente, acumular a função de dona do casa e mulher que trabalha fora? Gentem, eu sei fazer tudo, mas queria mesmo era nem tomar conhecimento. Nunca desbotar o esmalte com Veja Multi-uso! Minha mãe não sabe bem onde fica a cozinha até hoje! É de família! Eu sou a filha da Chiquita Bacana!!!

Nessa jornada, encarei o pior desafio: o lixo do banheiro. Fede demais, precisa prender a respiração muitos minutos pra tirar o saquinho do cesto, amarrar e correr até o lixo coletivo na escada. Ainda não consegui realizar a proeza em apneia total.

Nossa geladeira diz muito sobre nós: excesso de laticinios (nunca teremos falta de cálcio), bebidas e frutas amarelas como banana, pera, maracuja e goiaba. Aliás, parem de nos dar bebidas! Pinga, conhaque dreier, vodca, cerveja (mil delas), vinhos de todos os tipos, rum, champanhe, amarula na cozinha, na sala, no banheiro e dentro do forno! Ah, parem de nos dar Alfajores. Me dá irkkkkk só de olhar a caixa amarela. Por favor, se quer nos presentear, dê dinheiro!!!

Achei fotos do meu pai pela casa (que saudade!), os brincos que o argentino me deu e o relógio que comprei em miami. Um dos presentes que eu "me auto-dei" para aguentar a barra. Minhas mil tintas, quadros, miçangas, telas e toda tralha que costumava utilizar para me conectar com o… é... Cosmos, meu eu interior, as artes…hahaha…seila, pra dar uma relaxada. Tudo guardado, encaixotado, fora do meu alcance diario...

Remexer o apê, de certo modo, mexe tudo. Em mim.

Wednesday, January 24, 2007

Na Massa.

Estou sempre na minoria, no 1% disso, nos 10% daquilo. Eu quero estar na massa! Eu quero ser o 99% que não tem doença x, eu quero estar nos 80% de todas as estatísticas do mundo...

Opiniões alheias viram verdades imutaveis por anos. Até que, surge alguém gabaritado, e diz: "sério? voce testou? comprovou? Ou simplesmente pegou um pitaco de alguém, entrou no pequeno grupo e acreditou cegamente?"

- "Sim, eu acreditei cegamente..." (admitindo com vergonha).

Mas agora, seus questionamentos me trouxeram a pequena e incerta possibilidade d´eu pular para a maioria. Me tirou do meu cristalizado destino.

Saturday, January 20, 2007

As mil facetas do ser humano feminino e descontrolado

Sentadinha na Galeria dos Pães com a Vanessa. Lá estávamos nós falando pelos cotovelos. Chegamos a conclusão que cada pessoa tem uma impressão de nós e que num possível enterro (uma hora vai acontecer) se essas pessoas se encontrassem uma iria dizer: Nossa, como a Sandra era séria...e a outra: séria? ta brincando, era a maior palhaça! Mas meio patricinha. E um terceiro diria: quem? a doida que andava com um pé de meia de cada cor, patricinha?!

Vanessa disse não entender pq no teatro, sempre lhe dão o papel de estabanada, cômica. Ela REALMENTE nao se vê assim. Não contem para ela, mas nessa mesma noite, ela pediu guaraná e teimou (como todo taurino) que tinha pedido coca-cola; derrubou minha garrafa d´agua, a conta no chão, quase pegou o caminho errado e passou a entrada do Café que fomos antes da Galeria dos Pães. Mas se ela me perguntar, como boa amiga, direi: Imagina! Baita perseguição com você! Nunca vi ninguém tão centrada na vida!!! hehehe...
O gerente da padoca de luxo veio perguntar ao ter que carimbar meu estacionamento: "voce esta aqui desde as 10 (era mais de meia noite) e só consumiu um café e uma água?! Tem certeza que não saiu e deixou o carro em nosso estacionamento?" Quase disse: opa! eu tenho Alzaimer, é possivel, que eu tenha ido para algum lugar e esquecido!!! TNC!
No final, falamos tanto e consumimos pouco. "Seu moço, nós temos quase 15 anos de papo para botar em dia!!!
NR: Nos nos reencontramos no Orkut depois de todos esses anos.

Wednesday, January 17, 2007

A bolha feliz zenbudista aeróbica

Meu irmão Antônio diz que vai para o "Mundo feliz de Antônio" de vez em quando, fica lá imerso em pensamentos & músicas. Nunca consegui fazer isso até esta semana. Me sinto dentro de uma bolha feliz (vide caso do menino que morava dentro de uma bolha na sessao da tarde). Parece que foi só conectar, internamente, uma orelha na outra: tudo que entra por um lado, sai diretamente pelo outro.
Será que é a corrente sanguinea nas minhas endorfinas? Fiz ginástica pesada a semana toda, o que não deixou espaço para meio pensamento inútil.

Tudo começou quando estava muito infeliz com zil coisas. Fui para academia, para além de tudo, evitar a frustracao comigo de não fazer exercicios regularmente... A esteira fica de frente para um tv no alto e uma parede de vidro que mostra o estacionamento do carrefour. Fiquei pensando que meu caminho era diferente das outras pessoas (cada um numa direção, com ou sem compras...), que o Go sempre me dizia que comparação era idiota pq cada um tem sua vida; e numa materia da Vida Simples, que dizia que o Apego trazia sofrimento (zenbudismo). Abra sua mão e deixe as coisas fluirem…Fácil, né, não?
Fiquei imaginando o que seria aceitar o destino, parar de controlar tudo na minha vida e… devo ter alcançado alpha pq estou lá desde então. Não que esse processo todo seja isento de ansiedade. Quando se dá uma de Zeca Pagodinho (deixa a vida me levar), nunca se sabe onde vai parar…
Eu to aqui indo indo indo, protegida pela minha bola feliz imaginada na última meditação noturna… mas segurando o freio de mão como meu irmão Antônio fazia ao me ensinar a dirigir. Está desativado, mas ali - just in case.

Monday, January 15, 2007

De Andrea para Sandy

Olha soh que lindo isso que tem escrito no disco de música clássica do Paul M:

"One night I was travelling back from a concert with the rest of Beatles. We were in a terrible blizzard going back to Liverpool and our van skidded off the motorway and down a slope. There was no way we could get back up, and someone said "What's going to happen now??"

and someone else said "I dont know but SOMETHING will happen"

That became a phrase of us.

Tudo a ver.

Ou no bom e velho sambinha style "desesperar, jamais!"

um beijo,


Andréa de Souza (ela é O cara!!!)

Friday, January 12, 2007

Diários de Motocicleta

Ontem, sai com Carola. Fui conhecer seu novo ateliê superaconchegante e artístico. Tudo tem a cara dela…mil colagens, gravuras, cores. Conheço a Caracola desde beeeeeimmmm pequenininha. Ela e minha irmã viviam grudadas, fofocando, rindo e falando coisas adultas que eu não podia ouvir. Agora nossos 6 anos de diferença nem aparecem! O tempo é relativo mesmo, já dizia o descabelado. O cheiro forte de tinta em seu ateliê me eh tão familiar… minha mãe sempre pintou quadros enormes em casa. O cheiro de tinta óleo gato preto me lembra a infância, bem como brincar de playmobil no chuveiro naquela época.

Gosto de estar com ela e seus amigos artistas tanto quanto conversar com minha irmã. Antenadas no mundo, elas me apresentam musicas, artistas, livros e filmes novos. Sou resistente a novidades, uma musica para me conquistar tem que tocar 400 vezes e me vencer pelo cansaço… dai fico apaixonada, ouço outras 500 vezes ate enjoar e nunca mais.
Bom, o causo é que Carola me contou de uma poesia - do cara que fez a trilha do filme "Diarios de Motocicleta" (Jorge Drexter) - onde ele fala do eco, que quando a palavra dele atinge o ouvinte, talvez nem queira mais significar aquilo..enfim, (ins)piração total.

Eco
Esto que estás oyendo
ya no soy yo
es el eco, el eco, el eco
de un sentimiento;
su luz fugaz
alumbrando desde otro tiempo,
una hoja lejana que lleva y que trae el viento.
Yo, sin embargo,
siento que estás aquí
desafiando las leyes del tiempo
y de la distancia.
Sutil, quizás,
tan real como una fragancia:
un brevísimo lapso de estado de gracia.
Eco, eco
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco...
Esto que canto ahora,
continuará
derivando latente en el éter,
eternamente...
Inerte, así,
a la espera de aquél oyente
que despierte a su eco de siglos
de bella durmiente.
Eco, eco
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco...
Esto que estás oyendo
ya no soy yo...

Wednesday, January 10, 2007

Me sinto Forest Gump, as vezes.

Tenho tantas histórias para contar…
Mil delas de quando eu trabalhava nas lojas de shopping com 16/17 anos. Na Lee, tinha hora exata para xixi e não podia parar de dobrar as roupas um minuto, para mostrar movimento na loja. Durei uns dias porque eu realmente não precisava daquilo.
Foi, então, que tive a brilhante idéia: deixar meu cv somente nas lojas em que as roupas fossem penduradas! Fui parar na Hugo Boss. Fazia um bom dinheiro com glamour. Só ricos & famosos querendo roupas de grátis. Em compensação aguentava uma biba desvairada, o dia todo, imitando Madonna e dando piti comigo.
Veio a TNG. A equipe era tão suburbana, parecia que não existia vida fora daquele emprego. Além de vender, eu passava as camisas por hooooras a fio para pendura-las na arara. Uma cliente, meio irritada - que havia comprado zilhoes - resolveu que queria as compras dela todas passadinhas. Tomou o ferro da minha mão e passou ela mesma. A mulher era ninja na arte de passar roupa. Contou que ensinava as empregadas por isso ela mesma sabia fazer. Fiz cara de didi mocó o tempo todo para que ela continuasse a passar (me ensinando) e não sobrasse para mim. hehehe...

Então, surgiu meu melhor emprego no shopping: M.Officer. Era uma moçada que não acabava mais, muito divertido, todo mundo meio doido… Uma das melhores épocas da vida… dos clientes que largavam modess, papel higienico e camisinha no provador. Da mulher que insistiu usar 36 e caiu de dentro do provador com a calça entalada nas coxas, dos revendedores do interior que compravam a loja toda e faziam nossa cota de uma vez só... Dos vendedores que iam até a vitrine para liberar gases, do caixa estressado pq a gente fazia muita bosta na venda, pelo estoquista mano que sempre escondia aquela calça 40 para eu vender… E de outras ilegalidades que faziamos fora e dentro da loja. Isso, então, daria uns 30 anos de cana para cada um. Como diz Luciana Gimenez: Abafa o caso!

Tinha uma vendedora que vivia metida em confusão. Eu, corretissima com minha vida e finanças, sempre tinha um dinheirinho sobrando. Um dia, ela apareceu branca no estoque: "me empresta x reais agora!" Eu: "nao!" Ela: "pelamordedeus, o traficante de "beise" taí fora dizendo que vai quebrar minhas pernas se eu nao pagar!" Emprestei com a condição de que ela me devolveria no dia 15. No dia, ela nao tinha a grana! Mas pagou se não EU iria quebrar aqueles dentes lindos e brancos. Nao preciso dizer que todo dia 15 e 30, apareciam a vendedora de calcinhas nao sei de que loja, o traficante, o pasteleiro, etc cobrando a picareta da minha amiga de novo…
*Saudades sem fim*
Todo mes era a mesma coisa e ao mesmo tempo, tudo diferente.

Monday, January 08, 2007

Eu caindo do precipicio, voce passando num avião


Onde esta minha cabeça que me faz passar o crachá da empresa na cancela do supermercado? Que me faz botar leite no tupperware e nao no copo ao lado? Que me faz colocar 400 minutos no microondas e não 40 segundos? Que me faz esquecer de tomar os remédios?


Nao posso dizer que eh stress pq nao faco nada desde setembro, a empresa esta um tédio só. As vendas começarão em fevereiro, todos sabem. Em casa, eu nao lavo nem um garfo. O máximo do esforço se passa na academia, que eu adoro. Nem de transito posso reclamar, o Morumbi tirou ferias do mundo.


Fico no mundo feliz de Sandy o dia todo, onde só existem sentimentos & pensamentos desconexos, loucos, ansiedade, dor de barriga virtual e então uma calma… uma percepçao de que o mundo não vai acabar hoje.

Será que estao botando Ayahuasca na composiçao do meu shampoo?

Thursday, January 04, 2007

Rave de Endorfinas

Irritação é algo que começa pequeninho e cresce como um sonrisal. No começo são so umas bolinhas, mas de repente, é aquela efervescencia que ninguem reverte?!

A mulher tá la descontrolada berrando com o besta que enfia o ticket do estacionamento 100 vezes na máquina sem validar causando uma baita fila; com o yakult que insiste em não se desvencilhar da embalagem plástica, da empregada que esqueceu (pela milésima vez) a bosta do rodinho dentro da pia da cozinha, o banheiro sem toalha de rosto e guardou o top de ginástica na gaveta de PIJAMAS.

Certa vez, deu uma portada no motoboy que insistia em buzinar quando ela trocou de faixa. O cara caiu na outra pista com sua Honda Biz amarela gritando: alguem me salve?! Podia existir licença-tpm de 5 dias por mês ou distribuição de fluoxetina (o famoso amansa leão). A mulher devia ter direito a recebe-lo junto com o vale-refeiçao.

No olho do furação, se lembra da cunhada contando que o chefe zen-budista diz para ter paciencia com os espiritos menos evoluidos. E ela, no auge do stress, responde: espirito evoluído é o cara@#$%¨&*! O chefe/homens tem que ser muito evoluido nessas ocasiões.

Só existe um remédio:

A doida sobe na esteira e fica lá por horas seguidas. Arranja força fisica que nao sabe de onde vem, canaliza a energia para estrangular alguém nas pernas. Se sente mais viva do que nunca… a raiva tem o dom de despertar até os mortos. " Osho diz que é melhor ter raiva que apatia", lembra auto-consoladora.

Então, alonga e vai para casa como se nada tivesse acontecido. Endorfinas agora fazem uma rave, pela corrente sanguinea, gritando "uiiiibaaaaaa" e ela nem se incomoda com o imbecil enfiando o ticket pela milesima vez na cancela de saída, o rodinho dentro da pia e o yakult embrulhado.

Monday, January 01, 2007

A volta do zoiao azul...


São Silvestre 2006. Fui com o Go, que iria correr pela 2a vez. Ele ansioso, eu apreensiva. No meio da bagunça toda - gente fantasiada, esportistas e curiosos - ele me pegou séria. "Por que esta com esta cara?", ja me abraçando. Eu: nada... No fundo, eu estava com medo de não ver mais aquele olhão azul que ele tem. Por um segundo mil bobagens passaram pela minha cabeça... Depois que meu pai se foi da noite pro dia, eu fiquei assim. Achando que tudo acaba de uma hora para outra.
Tiramos mil fotos com os malucos, sentamos no chão da Paulista e ele se alongou... Na hora da largada, eu disse: "vai direto! quando queria dizer: vai direitinho (e volta logo)". Ele sorriu, divertido, sabia que eu tinha trocado as palavras como sempre. Esse homem me entende até em Javanês.
Inda bem que ele foi e voltou entre os 8 mil que voltaram para alguém, acho. Eu estava lá, capa de chuva, calça jeans dobrada até o joelho, hawaianas, maquina fotografica... esperando aquele zoiao azul todo molhado, suado, dolorido e faminto - porem feliz da vida com seu feito.