O melhor homem ficou com a melhor mulher....

Olhando as lojas do shopping, ouço dois caras conversarem ao meu lado. Eles olhavam a vitrine de eletronicos e eu a de pijamas fofinhos.

Loiro: é, cara, to indo numa acupunturista...
Antes do moreno responder, eu pensei: lá vem, baixaria. Homem é foda...
O moreno nada disse, mas esperava a parte do “puta gostosa...” ate que o loiro continuou:
- To descobrindo coisas. To numa fase muito minha...

Acho que comecei a rir, mas eles não notaram: Como assim fase muito minha?! Homem não fala porra nenhuma com sentido. É botar sentimento na coisa que eles ficam ali delirando. Achei que ia confessar-se gay.

Loiro: Sabe, to descobrindo um monte de nós, nervos, no meu corpo porque...minha mulher não me dá espaço! A acupunturista falou isso.

Eu e o moreno nos entreolhamos meio assustados. Desviei o olhar porque o Loiro chorão da egotrip era problema dele, do Moreno. Mas continuei ali para ouvir o resto da história. Tava gozado pacas.

- Ela, ela...quer que a gente viva na casa da mãe dela, xereta meus emails, dá piti na frente dos meus amigos e eu não falo nada. Fico ali no meu mundo feliz, ignorando. – continuou...

Noosssaaa! Dani minha terapeuta me pagaria para indicar um caso desses! Mas a diversão era só minha! E do coitado do Moreno. Dava para ver que ele sim tinha cerebro de homem e tava ali sem pistas de onde isso iria acabar ou o que deveria dizer.

- Po, cara, mulher é foda mesmo... me fala da acupunturista. E gostosa?, abriu a boca morena.

" Nossa, brilhante". É desse tipo de gente que o CVV precisa", pensei.

- Ê, porra, a acupunturista é do avesso. Mas, ela fala coisas que tem a ver comigo. Acho que to embaitolando! Mas por que, por que meu deus eu tenho que baixar meu nivel para entender alguem? Por que as mulheres não podem subir até onde estou? Por que não podem tomar ação e resolver as coisas? Eu quero alguém que me acompanhe!, disse o Loiro.

A esta hora eu já tava em panico ao ver que os homens (as vezes) notam que a gente abusa da paciencia deles... E que muitas vezes, ficamos lá brincando de fragilzinha, de mocoronga só pra eles resolverem tudo e mostrar que nos ama.

Outro dia, Rodrigo Santoro, disse que somos feitas de um macaco diferente. Sexo fragil é o @#$%¨&. A gente controla tudo! Glup. Eles estão descobrindo!

Perdi metade da conversa deles, em meus pensamentos. Até que o Loiro lançou a pérola: “Cara, casei com a mulher errada.... A certa existe, mas eu fui bundão. Fiquei me cagando de não segurar o rojão porque ela sim é muito independente e me deixa doido. Preciso controlar tudo e ela seria impossivel segurar na redea curta.” Brilhavam os olhinhos do sujeito.

Ai, o nego agora descobriu que casou errado??!!! Depois da festa, do felizes para sempre, do sobrenome dele no dela? Putaquepariu, pensei.

... ela é linda, mas agora tá casada com outro. Um cara boa pinta e bem-sucedido. Mas isso não vai longe. A gente ainda se encontra nas estradas da vida..., complementou o aguado.

Puta papo de perdedor, né?! Nossa... crendospai. Graças a deus que eu só tô de butuca nessa conversa. “ Que sorte teve essa moça”. Ri sozinha.

Mas fiquei pensando... não existe culpa, né? A mulher monta nele, ele sonha com uma outra independente, mas que ele se caga porque é tudo que ele sempre quis. E talvez seja mais e melhor que ele. E ele pouco pra ela.

Talvez como diz no filme casamento do meu melhor amigo: “O melhor homem ficou com a melhor mulher...”

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O papo continuou, mas eu já tava meio de saco cheio de ouvir aquilo. Como todo bom aquariano, me canso rapido das coisas. E drama bom mesmo acontece nas novelas.

No entanto, fiquei rezando para que no papel da vida, eu fosse essa outra que picou a mula e casou com o mocinho...boa pinta e bem-sucedido.

Não fode, Sandra Carolina...

Há 2 dias penso no meu pai. Achei um texto que ele me deu quando estávamos discutindo o sentido da vida numa tarde besta.

"Quando nascemos, a Vida - o destino, os deuses, o que for - nos concede graças, dons e, eventualmente, o direito a alguns futuros eventos mágicos. Ou não!

[...] Os eventos mágicos são inexplicáveis. Quase sempre são prêmios aleatórios, imerecidos. Golpes de sorte, loteria, achados fortuitos... E às vezes são atos de justiça divina.

Quando se despreza as graças recebidas, e se ignora os dons recebidos, os eventos mágicos, imerecidos, são o que resta.

[...] E, na aceitação dessa incerteza, adiantaria prezar as graças e ativar os dons? Quando seria tarde demais para os esforços e a dedicação? Provavelmente quando se chegasse a consciência disso... Enfim, não adiantaria nem uma derradeira audácia, se a maré já tivesse vazado?

L´Audace, Toujours l´audace!, já pregava Frederico, o Grande, da Prussia"

Quando reli, parecia um texto meu! Obviamente, que ele cita Shakespeare e Frederico da Prússia e eu teria de ir ao Google para compreender certas partes... mas o jeito de escrever é exatamente o meu.

E por isso, meu pai sempre fez meus trabalhos da faculdade. Lia cada livro chato... de marketing, astrologia, design, psicologia, filosofia... e resumia, me explicava quando eu chegava de madrugada da facul ou trabalho. Me botava em cada roubada com suas opiniões doidas nos textos que eu entregava para o professor sem ler. Fiquei várias aulas depois do horário, para explicar "meu" ponto de vista radical.

Nunca disse não, para mim, em tarefas intelectuais. Mas muitas vezes, dizia: "Não fode, Sandra Carolina...", quando meu argumento não tinha sustância, era confuso ou baseado em algo que ele não manjava e nem queria.

Vanessa disse que era a nave-mãe!

Trabalhei até tarde. Sai e fui ao mercado disposta a comprar coisas que nunca compro. Uma compra descompromissada, apesar do trio amaciante-Veja-Pão. Tentei comprar um "cheirinho" pro meu carro, mas sou muito alergica a tudo. Fica cheirando silicone de posto de gasolina mesmo, quando muito.

Comprei um spray pra chulé ao invés do talco (sim, aquela botinha preta é de matar!), um treco pra tirar maquiagem, outro spray pra tirar cheiro de roupas, quase comprei goma para as camisas do go numa experiência inédita e uma escova de dentes que precisa de manual...

Mas o fato é que na volta para casa, o céu estava claro pacas. Tão bonito. Pouco transito... A solidão é uma benção. Não que eu não ame as pessoas, mas o silêncio é aconchegante. Tudo tão no meu tempo aquariano. [Desde que voltei da França, semana passada, tive certeza que adoro minha vida. Com a distancia da viagem pude avaliar o que faço e como vivo. Tudo é tão bom...]

Vim com o vidro aberto, vento, música e umas luzes estranhas no céu. Vanessa disse que era a nave-mãe!