Não fode, Sandra Carolina...
Há 2 dias penso no meu pai. Achei um texto que ele me deu quando estávamos discutindo o sentido da vida numa tarde besta.
"Quando nascemos, a Vida - o destino, os deuses, o que for - nos concede graças, dons e, eventualmente, o direito a alguns futuros eventos mágicos. Ou não!
[...] Os eventos mágicos são inexplicáveis. Quase sempre são prêmios aleatórios, imerecidos. Golpes de sorte, loteria, achados fortuitos... E às vezes são atos de justiça divina.
Quando se despreza as graças recebidas, e se ignora os dons recebidos, os eventos mágicos, imerecidos, são o que resta.
[...] E, na aceitação dessa incerteza, adiantaria prezar as graças e ativar os dons? Quando seria tarde demais para os esforços e a dedicação? Provavelmente quando se chegasse a consciência disso... Enfim, não adiantaria nem uma derradeira audácia, se a maré já tivesse vazado?
L´Audace, Toujours l´audace!, já pregava Frederico, o Grande, da Prussia"
Quando reli, parecia um texto meu! Obviamente, que ele cita Shakespeare e Frederico da Prússia e eu teria de ir ao Google para compreender certas partes... mas o jeito de escrever é exatamente o meu. E por isso, meu pai sempre fez meus trabalhos da faculdade. Lia cada livro chato... de marketing, astrologia, design, psicologia, filosofia... e resumia, me explicava quando eu chegava de madrugada da facul ou trabalho. Me botava em cada roubada com suas opiniões doidas nos textos que eu entregava para o professor sem ler. Fiquei várias aulas depois do horário, para explicar "meu" ponto de vista radical.
Nunca disse não, para mim, em tarefas intelectuais. Mas muitas vezes, dizia: "Não fode, Sandra Carolina...", quando meu argumento não tinha sustância, era confuso ou baseado em algo que ele não manjava e nem queria.
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