Pequenos infratores, grandes prejuizos...

Cheguei com o carro na garagem. Um bando de crianças sanguinolentas confabulavam. Será que vão riscar RBD, de novo, no meu carro? Geralmente utilizam objetos perigossimos como o secador da boneca poly ou algum acessório dos carrinhos Hot Wheels. São armas nas pequenas e inconsequentes mãos.

Entrei rápido com o carro para que nao me percebessem e muito menos, meu carro lavadinho & polidinho. Eles sempre atacam a beleza de uma porta bem lustrada.

Sabia que o líder do grupo, usando uma camiseta do Bob Sponja, dava instruções para a gang. No mínimo, explicava que - do ponto juridico - se o prédio não tem um vigia específico na garagem, o condomínio não é obrigado a pagar por danos. O que é o meu caso.

Rastejei até a porta do elevador e entrei correndo no apê. Fiquei observando da janela, com um binóculo, a movimentação estranha perto do meu carro. Pensei em comprar uma webcam que vigiasse meu carro dia e noite, noite e dia contra os pequenos infratores. Eu os levaria ao tribunal por 30 anos mesmo que tivessem que pagar com a mesada.

"Existiu" um moleque tão terrivel lá que virou até lenda. Uma vez, quando eu chegava com as compras, ele atirou o chinelinho no meu rosto. Peguei o chinelo e dei uns cascudos nele. Ele dizia com olhos marejados e inocentes: "tia, devolve o chinelo... minha mae vai brigar comigo se eu aparecer sem." Falei que so devolveria quando a ausente (e vaca, implicitamente) da mãe dele viesse falar comigo. Nunca veio, o chinelinho numero 35 é usado pela empregada até hoje!

O argentino que trabalha comigo arquitetou um plano para dar um sumiço no moleque sem deixar pistas. O caso é que o moleque sumiu mesmo e eu nego até a morte qualquer envolvimento.